Tenho
notado que as pessoas que elaboraram os estudos que geraram a proposta de
reforma da Previdência Social são excelentes na arte de torturar números, no
entanto não têm a capacidade de avaliar cenários e a diversidade existente
entre as situações vivenciadas pela população, o que faz com que não consigam
determinar as prováveis repercussões de algumas modificações propostas.
Vamos verificar. Segundo
proposta de reforma da Previdência, não será mais possível que uma pessoa
receba, cumulativamente, pensão e aposentadoria, pois terá que escolher entre
uma das duas. Até aí tudo bem. Parece que vai dar tudo certo, pelo menos no
papel. Porém, precisamos verificar se isso, na vida real, vai realmente dar
certo.
Vejam
um exemplo (o dos meus sogros): meus sogros recebem, cada um, um salário mínimo,
que produz uma renda doméstica mensal total de R$ 1.874,00. Hoje o total das
despesas do casal se situa na casa dos R$ 1.710,00, produzindo um superávit de
R$ 164,00.
Tudo
bem? Bom, agora vamos projetar o desaparecimento de um deles. Nesse caso, a
renda familiar estaria reduzida a R$ 937,00. Os técnicos poderiam dizer:
continua dando, já que as despesas irão reduzir-se, teoricamente, pela metade.
Ledo engando. Se considerarmos a natureza das despesas envolvidas. Sendo assim,
avaliando as duas situações, o negócio vai pegar, pois projeta-se, no momento,
um déficit mensal de R$ 288,00. Tá bom prá tu? Vejamos:
Aposentadoria
1: R$ 937,00
Aposentadoria
2: R$ 937,00
Tot.
Renda Família: R$ 1.874,00
ORÇAMENTO
2 PESSOAS ORÇ. 1
PESSOA REDUÇÃO
Aluguel: R$
450,00 R$
450,00 ZERO
Alimentos: R$
650,00 R$
650,00 50%
Água/luz: R$
170,00 R$ 85,00 50%
Remédios: R$
150,00 R$
75,00 50%
Manut.: R$ 50,00 R$ 50,00 ZERO
Diarista: R$
240,00 R$
240,00 ZERO
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Tot.Desp. R$
1.710,00 R$
1.225,00
Renda Fam.: R$ 1.874,00 R$ 937,00
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Resultado R$ 164,00(+) R$ 288,00 (-)
Heriberto Gadê
09.03.2017