quinta-feira, 9 de março de 2017

MAIS UMA SOBRE A REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Tenho notado que as pessoas que elaboraram os estudos que geraram a proposta de reforma da Previdência Social são excelentes na arte de torturar números, no entanto não têm a capacidade de avaliar cenários e a diversidade existente entre as situações vivenciadas pela população, o que faz com que não consigam determinar as prováveis repercussões de algumas modificações propostas.
Vamos verificar. Segundo proposta de reforma da Previdência, não será mais possível que uma pessoa receba, cumulativamente, pensão e aposentadoria, pois terá que escolher entre uma das duas. Até aí tudo bem. Parece que vai dar tudo certo, pelo menos no papel. Porém, precisamos verificar se isso, na vida real, vai realmente dar certo.
Vejam um exemplo (o dos meus sogros): meus sogros recebem, cada um, um salário mínimo, que produz uma renda doméstica mensal total de R$ 1.874,00. Hoje o total das despesas do casal se situa na casa dos R$ 1.710,00, produzindo um superávit de R$ 164,00.
Tudo bem? Bom, agora vamos projetar o desaparecimento de um deles. Nesse caso, a renda familiar estaria reduzida a R$ 937,00. Os técnicos poderiam dizer: continua dando, já que as despesas irão reduzir-se, teoricamente, pela metade. Ledo engando. Se considerarmos a natureza das despesas envolvidas. Sendo assim, avaliando as duas situações, o negócio vai pegar, pois projeta-se, no momento, um déficit mensal de R$ 288,00. Tá bom prá tu? Vejamos:

Aposentadoria 1:      R$   937,00
Aposentadoria 2:      R$   937,00
Tot. Renda Família: R$ 1.874,00

ORÇAMENTO 2 PESSOAS                       ORÇ. 1 PESSOA       REDUÇÃO
Aluguel:        R$    450,00                               R$    450,00              ZERO
Alimentos:    R$    650,00                               R$    650,00               50%
Água/luz:      R$    170,00                               R$      85,00               50%
Remédios:    R$    150,00                                R$      75,00               50%
Manut.:         R$      50,00                               R$      50,00              ZERO
Diarista:        R$    240,00                               R$    240,00              ZERO
-------------------------------                               ---------------
Tot.Desp.      R$ 1.710,00                               R$ 1.225,00   
Renda Fam.: R$ 1.874,00                               R$    937,00  
-------------------------------                               ---------------
Resultado    R$    164,00(+)                          R$    288,00 (-)           


Heriberto Gadê
09.03.2017 

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

NEM TUDO QUE PARECE SER, REALMENTE É!

O nosso País, há algum tempo, em matéria de gestão política, é o mesmo. Temos a enganosa ideia de que algo mudou, mas logo nos deparamos com alguns quadros já pintados no passado. Vários partidos e políticos se alternam prometendo mudanças e mais mudanças e, até agora, muito pouca coisa mudou. Continuamos com os mesmos problemas políticos, econômicos, e de qualidade no serviço público. Em determinada ocasião o povo brasileiro acreditou que era possível dar uma guinada em tudo que estava posto. A mudança para um governo que se situava em uma posição menos liberal e contra todos os desmandos que aconteciam até aquele momento parecia ser a única solução.

Passado o tempo, depois de idas e vindas, notamos pouca diferença nas atitudes. Recentemente os brasileiros foram bombardeados por notícias de corrupção, como, aliás, já sabia existir desde o descobrimento desse País. A revolta da população, agora, não é por que acusam e punem integrantes de um segmento político. A revolta é que o segmento alvo dessas denúncias tinha sido o mesmo que todos acreditavam agir de forma completamente diferente dos demais grupos políticos que dominaram os destinos do País por tanto tempo. O sentimento é de que voltamos à “estaca zero”.

Acredito que, no desejo desesperado de um país melhor, somos levados a acreditar que as soluções mirabolantes serão a nossa libertação de tudo de errado que nos afeta. O que era, para nós, a redenção, se transforma no que sempre combatemos. É incoerente, mas é o que vemos por aí. Ora, quem é bandido ou quem é mocinho? A confusão e a alternância entre essas duas figuras tem sido algo constante em nossos julgamentos.

Então, o que nos faz cometer esses equivocos? O principal motivo, na minha opinião, é a ausência de tempo e cuidado para o aprofundamento da análise sobre as soluções postas à mesa. Vejam que o brasileiro é reconhecido como um povo que lê muito pouco. Segundo a ABDL – Associação Brasileira de Difusão do Livro, o brasileiro está colocado em 27º lugar entre os 30 países pesquisados. Essa situação, que repercute nos índices brasileiros de educação e prejudica a formação crítica de opinião, talvez, seja a principal causa para as análises tão superficiais sobre tão importantes assuntos.

O outro problema, consequência da falta de análise de cenário, é o da falta de equilíbrio que as nossas decisões eleitorais e políticas proporcionam. Somos levados a pender totalmente para um lado, sem considerar que um poder absoluto permite que pessoas e grupos cometam absurdos e que as conveniências das pessoas que integram esse poder sejam atendidas de forma exagerada ou, muitas vezes, indecente. Ninguém é necessariamente é anjo ou demônio. O equilíbrio é a solução, sempre.

Vemos, assim, pessoas sendo levadas a seguir o movimento da massa, assim como fazem as águas do rio. Porém, nós não podemos nos deixar levar como essas águas. Precisamos estar atentos para que a emoção não tome conta das nossas vidas e nos faça enveredar por caminhos cuja volta é mais difícil que a ida. Quando estamos insatisfeitos com uma determinada situação, queremos resolvê-la de forma rápida e absoluta, o que não é possível, principalmente, quando esse problema é fruto de toda uma história que firmou cultura. Se puxarmos pela memória lembraremos de alguns movimentos como: “abaixo a ditadura”, “diretas já”, “os fiscais do Sarney”, “caçador de marajás”, “fora Collor”, “Lula-lá”, “fora PT”, “fora Dilma”, “fora Temer”, “pela intervenção militar”, além do “somos todos Moro” e “eu apoio o MP”, entre outros.

Em todas essas ocasiões nos posicionamos, quase que cegamente, pelo som de um grupo de pessoas, bradando palavras de ordem que foram construídas sabe-se lá por quem e com qual interesse. Nesses momentos, na ânsia de vermos atendidos nossos imediatos desejos, bradamos alto, já que todos gritavam o mesmo. Muitas vezes nem avaliamos quais repercussões que adviriam de tão exacerbado e pulsante comportamento.

Minha santa avó já dizia que “descer uma ladeira pode ser muito mais perigoso que subi-la. A velocidade com que se desce, principalmente quando embalado pela multidão que nos empurra, faz com que a queda no final da ladeira seja quase que inevitável. E tem mais uma questão, que não acontece na descida lenta e gradual, é que não se consegue apreciar a paisagem que existe pelos arredores. Quando descemos velozmente, e descer é muito fácil, deixamos de registrar o que está em volta, o risco que existe no final da ladeira e, especialmente, o tamanho dos obstáculos que teremos que enfrentar quando tivermos que subir novamente.

Precisamos aprender com os nossos erros. Devemos estar atentos a tudo que acontece em nossa volta, sem paixões nem exageros. O ato de “separar o joio do trigo” é fundamental para que não nos arrependamos por termos dado apoios incondicionais a esse ou àquele segmento. Como disse, tudo na vida tem, obrigatoriamente, dois lados, o bom e o ruim, e é primordial que consigamos distinguir qual é o tamanho e os efeitos causados por um e pelo outro.

Tenho convicção de que é o apoio cego que gera e concede, indevidamente, poderes absolutos. Sendo assim, cuidado para não alimentar a cobra que poderá vir a mordê-lo. A cobra é importante para o equilíbrio do nosso ecossistema e precisa ser preservada, porém, precisamos estar atentos aos controles que tivermos sobre ela, pois isso é o que fará com que ela não nos domine nem nos morda... É fundamental ter em mente que “nem tudo que parece ser, realmente é”.

HERIBERTO GADÊ

10/01/2017

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

PEC 241 - "QUE DIABO É ISSO?"

Hoje, o alvo de toda a discussão pública passa pela tão falada ou mal falada PEC 241, que agora se denomina PEC 55, denominação adotada pelo Senado Federal, onde se encontra em tramitação.

Mas, o que é mesmo o diabo dessa PEC? Falando de forma bem simples, é um instrumento de alteração da nossa constituição (Proposta de Emenda Constitucional), que tem por objetivo central determinar que, durante vinte anos, a despesa pública não cresça acima da inflação. As despesas, a partir da aprovação da PEC, só poderão ser atualizadas na medida da inflação ocorrida no ano anterior.

Tudo isso tem gerado uma discussão em torno do real motivo dessa PEC e as consequências que poderão advir. Uns se posicionam de forma prática e outros se posicionam de forma política. Eu digo que nem tanto nem tão pouco. Não se pode encarar um orçamento público como é conduzido um orçamento privado. Isso é fato. Na área pública existem fatores outros que uma empresa não convive e que poderiam, na área privada, ser ultrapassados sem maiores traumas sociais. Um exemplo disso é a redução de custos por intermédio da redução de postos de trabalho, que a iniciativa privada faz, na medida da necessidade financeira das empresas.

No caso da PEC 241 temos de verificar se a medida se assemelha à que seria adotada na área privada. Como os efeitos dessa Proposta trarão repercussões ao longo do tempo, sou levado a crer que ela tem características de uma medida de gestão pública, já que o corte abrupto de despesas traria grandes e imediatos problemas para a sociedade, mais até do que quando adotado de forma lenta e gradual.

A PEC 241 traz um componente de aparente manutenção da situação de gastos. Digo aparente por entender que a vinculação a índices inflacionários do ano anterior, por si só, já determina redução gradual dos gastos, com impacto, principalmente, nas atividades essenciais. Sobre essas áreas, como saúde e educação, a PEC daria um fôlego até 2018, o que acho pouco.

Também é verdade que os gastos da previdência estarão fora do alcance da PEC 241 e isso pode vir a inviabilizar ou comprometer ainda mais o custeio de áreas públicas sensíveis, caso a previdência não seja tratada adequadamente. Outro fator preocupante em um congelamento como esse é a eventualidade do surgimento de problemas graves no País, como pode ser o caso de uma epidemia ou outro desastre de grandes proporções, o que exigiria uma natural elevação dos gastos para atender pontualmente aquela demanda.

Existe uma linha de opinião que afirma que o déficit não é ocasionado pelos gastos públicos e sim pela queda das arrecadações. Ora, eu perguntaria: sim... e aí? Continuamos gastando o que não temos e esperamos o reaquecimento da atividade econômica? O que você faria em sua casa? Continuaria com o volume dos seus gastos no mesmo patamar e ficaria aguardando um novo emprego que lhe proporcionasse renda compatível com esses gastos?
Alguns outros poderiam elencar pontualmente soluções, como redução das isenções fiscais, redução de benefícios funcionais absurdos e altos salários, ajustes no pagamento dos juros de dívida pública, entre outras. Porém, apesar de necessárias e urgentes, a solução do problema não se resolveria somente por aí, até porque a adoção de medidas nessa direção traria outras consequências de cunho jurídico e social.

É de se ponderar, ainda, o prazo de 20 anos, que acho por demais extenso e pode vir a acarretar problemas para a ampliação de programas sociais e de distribuição da renda que, no Brasil, já é bastante desigual. O ideal seria que a ordem fosse o contrário do que está previsto (20 anos com revisão em 10 anos), ou seja, 3 ou 5 anos, com eventual prorrogação após vencido esse período, se as condições existentes justificassem a medida.

Bom, isso faz com que sejamos contra a PEC 241? Os que se manifestam contra têm seus argumentos e eu respeito cada um deles. Não obstante, diante da situação financeira ou fiscal que o nosso País enfrenta, entendo que não podemos nos sentar aguardando a “morte chegar”. É preciso fazer alguma coisa.

Para entender melhor, temos sempre que voltar ao problema central: como pagar os gastos? Nesse ponto, acredito que a PEC é positiva, na medida em que irá frear o gasto público (que nos últimos anos vem crescendo bem acima da inflação) favorecendo ao atingimento do equilíbrio fiscal. O mais grave nisso é constatar que, apesar de todo esse crescimento real da despesa pública, há muito tempo a nossa saúde, educação, segurança e outros serviços públicos só tiveram piora, dando-nos a ideia que essas despesas foram claramente executadas de forma pouco cuidadosa, para não dizer coisa pior.

Não devemos nos afastar muito do conceito de que não podemos gastar o que não temos. Para chegar a essa conclusão não precisamos pesquisar muito. Basta, a título de exemplo, ver a situação dos Municípios e Estados, que não conseguem nem pagar suas folhas salariais, além de os seus serviços estarem bastante comprometidos, senão, inviabilizados.

Diante disso e lembrando o adágio popular que diz: “doença grave se trata com remédio amargo”, acredito que a tal PEC, apesar de considerar uma medida drástica, vejo que se não é a melhor ou mais perfeita solução é a que vislumbro como fundamentalmente necessária e imediata para que se encontre o equilíbrio das contas públicas e que, no futuro, possamos voltar a investir na melhoria e ampliação dos serviços que venham a trazer efetivos benefícios à população.

HERIBERTO GADÊ

17.11.2016

terça-feira, 24 de maio de 2016

ESSA É A MINHA OPINIÃO, NÃO A SUA...


As divergências, especialmente as políticas, são algo que sempre estiveram aí. Às vezes, de forma leve e quase imperceptível e, em outras, bem acirrada. Sempre que me defronto com posicionamentos políticos do tipo que aparecem atualmente no nosso País, lembro da minha querida avó.
Apesar de ser mulher simples e essencialmente “do lar”, Dona Fausta trazia uma sabedoria inata. Lembro de ela falando, mansa e pacífica, mas com olhos bem vivos, que a divergência é algo fundamental para que nós possamos gerar novos conceitos e firmar convicções.
Ela tinha uma receita bem interessante. Dizia ela que devemos sempre ouvir as partes contrárias com atenção e captar bem o que cada um está querendo dizer. Feito isso, devemos fazer o seguinte:
Passo 1: Pegar a essência das opiniões das duas partes e colocar na Peneira do Excesso. Devemos mexer muito essa peneira, que tem uma malha bastante aberta. Ela vai reter na malha tudo que é bobagem, ódio e sandice. O resto passa;
Passo 2: Coloque o que passou na Peneira da Vaidade e Presunção. Essa tem uma malha mais estreita. Chacoalhe bem para tirar todos os resquícios de complexos, vaidade e presunção que possam estar interferindo nas opiniões;
Passo 3: O que passar, mexa bem e coloque na terceira peneira, que é a Peneira do Contexto. Essa deverá reter os resíduos que não estão em sintonia com o contexto vivenciado na ocasião da emissão das opiniões;
Passo 4: O que sobrar, deve ser colocado na Peneira da Formação. Essa, de malha bem mais apertada, irá eliminar vícios culturais históricos que possam estar contaminando a essência das opiniões;
Passo 5: É chegada a hora mais importante. De posse do que restou, adicione o resíduo a sua opinião, construída a partir das suas informações, ponderadas todas as peneiradas que foram feitas e misture bem;
Passo 6: Coloque a mistura, então, na última peneira, que é a Peneira da Sua Verdade. Essa tem uma malha finíssima. Ela só deixará passar a essência do que você concorda e acredita. Essa é a sua verdade, e se constituirá na sua convicção.
Experimente fazer isso sempre. Você vai ver que ninguém deve refutar, eliminar ou ignorar as diversas opiniões sobre um determinado assunto. A sua opinião depende dos diversos posicionamentos, por mais absurdos que pareçam, e, principalmente, das informações que adquirir. Certamente a sua opinião não será exatamente igual à opinião das outras pessoas. Pode ser até semelhante, igual, nunca.

Heriberto Gadê

17.05.2016

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

VOCÊ ACHA QUE GANHA POUCO?

Você não está satisfeito com o seu salário? Para saber se você ganha muito ou pouco, no seu trabalho, é preciso fazer-se três perguntas básicas:
a)   a) Alguma empresa já lhe fez proposta FORMAL de trabalho, com salário superior ao seu em, pelo menos, 50%?
b)   b) Você se sente seguro no seu emprego?
c)   c) Tem muita gente de bom nível intelectual/profissional querendo seu lugar?
Se as respostas forem “não” a todas as perguntas, você pode não estar ganhando o que gostaria, mas seu salário situa-se acima da média do mercado, para sua atividade.

Não esqueça também de considerar que “a medida do ter não enche nunca”, ou seja, o ser humano é um eterno insatisfeito.

domingo, 29 de agosto de 2010

EU CANSEI!!

Eu cansei dos políticos. Não falo só os do Brasil. Todos os políticos desse nosso surrado planeta são exatamente iguais. Os que parecem ser diferentes são aqueles que ainda não investigamos com profundidade e sabemos pouco sobre eles. Parece até que a nossa política é a clara representação da “Caixa de Pandora”, aberta sobre nós. Vejam, então, como se comportam e ouçam o que dizem. Façam isso, raciocinem!

Eu cansei das pessoas que se dizem esclarecidas e votam nesses mesmos políticos, sem saberem bem por que o fazem. Muitas delas dizem, com um inexplicável e inocente argumento, que ele é seu amigo e, em um momento difícil,  poderá recorrer ao auxílio desse bondoso amigo político, mesmo sabendo que suas vidas só têm piorado. Reflitam sobre os motivos que fizeram você votar, até hoje. Acordem e pensem!

Eu cansei das mensagens dos políticos para consertar o analfabetismo da nossa educação, a doença da nossa saúde, o crime contra a nossa segurança e a igual desigualdade da nossa concentração de renda. Observem que, desde que eles começaram a prometer  melhorias, a situação só tem se agravado. Façam um exercício e tentem relembrar as mensagens de todos os políticos, durante todo o tempo da sua vida. Vejam que só foram promessas. Reflitam sobre isso!

Eu cansei de ver políticos lançarem seus filhos como candidatos a cargos públicos, sem que esses tenham angariado o mínimo de experiência, nem mesmo em pequenos trabalhos na área. Aliás, a maioria deles nunca trabalhou. São meninas e meninos sarados, mauricinhos e patricinhas que veem no cargo político a  única oportunidade de emprego. Lembrem quantos candidatos você conhece com esse perfil, principalmente nesta eleição. Façam isso: puxem pela memória!

Eu cansei de ver recursos públicos serem desviados descaradamente e não acontecer muita coisa com as pessoas que são acusadas de fazê-lo. Vejam quem são as pessoas que fazem as leis e aquelas que mais se beneficiam com a impunidade patrocinada pelas leis frouxas. Meditem sobre isso!

Eu cansei de políticos engraçadinhos que fazem com que uma parte do povo, que se diz  inteligente, vote com a desculpa de estar protestando. Na verdade, quem vota simplesmente por protesto passa a ser mais um palhaço no picadeiro. Se o cidadão não vislumbra candidatos merecedores do seu voto, a saída é anular o voto, para não participar daquilo que não concorda. Essa é a única opção plausível. Qualquer outra seria brincar com coisa séria. Botem as mãos na cabeça e... raciocinem!

Finalmente, eu cansei de uma política do individualismo. Eu cansei de políticos que ficam ricos com a política, eu cansei da ingenuidade popular, eu cansei desse “faz-de-conta”. Eu não tenho mais tempo para ter esperança. Eu cansei de ficar cansado.

Natal/RN, 29.08.2010
HERIBERTO GADÊ DE VASCONCELOS

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

A MULHER E O CAPITALISTA

O mundo vive, nos últimos tempos, a era das minorias. Grupos de pessoas com características específicas e que sofrem discriminação histórica de uma sociedade essencialmente egoísta ganham espaço e poder. Nada mais justo que esse movimento conquiste o comprometimento com a idéia da busca pela igualdade e respeito a todos os indivíduos, independentemente de credo, raça, opção sexual, limitação física, etc.

Vistos de fora, esses movimentos aparentam estar refletindo o repentino espírito fraterno e leal da nossa sociedade com pessoas que foram desrespeitadas em seu mais básico direito: o de ser igual. No entanto, na minha visão, ao contrário do que parece, noto que várias pessoas e organizações utilizam esses movimentos para o fortalecimento da própria imagem, com o objetivo de aumentar os ganhos financeiros.

Isso tanto é verdade que, em qualquer palestra sobre administração, governança corporativa ou marketing (empresarial ou político), a responsabilidade social e ambiental é colocada como um diferencial para sensibilizar pessoas e conquistar clientes. É um verdadeiro ufanismo pela imagem do "bom moço".

É motivado por tudo isso que me arrisco a tratar sobre um assunto extremamente delicado. Falo sobre as conquistas alcançadas pelas mulheres, a maioria delas atribuída ao movimento que se costuma chamar de “feminismo”. Meu intuito é levantar a questão sobre quem efetivamente teve o interesse de promover todas as mudanças que levaram e estão levando as mulheres a conquistar cada vez mais espaço na sociedade.

Da mesma forma como acontece com os outros movimentos dos grupos reconhecidos como “minorias”, o feminismo também padece de uma falha autoral. Explico: as conquistas, na minha opinião, não tiveram como combustível principal a força gladiadora das mulheres. Ao que parece, tudo não passaria de um interesse puramente econômico do capitalismo.

Vamos analisar mais detidamente. Começo realçando que as justas conquistas das mulheres aconteceram, principalmente, em sociedade conhecidas como capitalistas ou, no mínimo, naquelas que se poderiam denominar semi-capitalistas (as que mascaram seus interesses capitalistas, sob a capa de outro regime econômico/social).

É histórico que a mulher, antes totalmente presa ao lar, começou a participar da vida produtiva propriamente dita, a partir da primeira grande guerra, e se firmou definitivamente com o advento da segunda guerra mundial. A ausência de mão-de-obra masculina, especialmente nos países mais envolvidos na guerra, fez com que as mulheres fossem chamadas para fazer girar as máquinas do capitalismo que estavam fadadas à ociosidade, sob o argumento de que dariam sua contribuição à pátria.

Como todos sabem, com o fim da II guerra, as mulheres, habituadas à recente vida produtiva e remunerada, não quiseram voltar para suas atividades domésticas e decidiram ficar em seus postos. Daí fortaleceu-se o movimento de liberdade da mulher. Grandes mulheres foram elevadas à posição de verdadeiras líderes dos direitos femininos. Parece que, sem elas, as mulheres nunca teriam conseguido chegar à posição em que se encontram.

Voltemos à análise e imaginemos o tamanho do contingente de mão-de-obra existente no meio do século passado, antes e depois da guerra. Não é difícil constatar que, com a entrada repentina de um grande número de mulheres no mercado de trabalho, esse contingente aumentou sensivelmente. Pensando na lógica da lei econômica da oferta e da procura, fica fácil entender como o capital foi beneficiado.

Aliado a tudo isso, A convocação da mão-de-obra feminina tirou da ociosidade um contingente significativo, que veio elevando a massa potencial da “força de mão-de-obra marginal” (aquela que está desempregada e que serve de contraponto para a regulação dos valores dos salários).

As pessoas que tenham mais de 40 anos lembram que, quando crianças, somente seu pai trabalhava e sustentava a família com apenas um salário. Naquela época, a oferta era compatível com o valor do salário de sustentação da família, mesmo quando a prole era elevada. Na prática, vejam só o que aconteceu com o decorrer do tempo: as mulheres entraram no mercado de trabalho, dobraram a procura por emprego e o que aconteceu? O SALÁRIO CAIU PELA METADE.

Agora, somente com o salário do pai e da mãe, juntos, é que uma família pode ser sofrivelmente sustentada. Eu fico aqui a perguntar: Quem ganhou com isso? Tenho certeza de que não foram os homens nem a família. Quanto às mulheres, eu também tenho as minhas dúvidas. Porém, que os donos do capital ganharam muito mais do que estavam ganhando, disso eu tenho total certeza.

Como podemos notar, o capital aumentou o contingente de trabalho, reduzindo sensivelmente seus custos, combustível mais do que suficiente para promover o desenvolvimento e a acumulação de mais riqueza, em benefício daqueles que o controlam.

É por tudo isso que eu costumo dizer que o feminismo é um movimento que prosperou muito mais pelo claro e lucrativo interesse dos capitalistas, que pelo louvável esforço das mulheres. Cabe a frase: “o feminismo é muito menos feminino que capitalista”.

HERIBERTO GADÊ DE VASCONCELOS
23.12.2009