
Essas são perguntas difíceis de responder. Por outro lado, fica uma outra questão: Por que se dá tanto valor aos “profetas”? A resposta que nos vem em primeiro lugar é a de que o homem tem a necessidade premente de conhecer o seu futuro, para que possa enfrentá-lo de forma adequada para cada situação, evitando os caminhos que o levem a conviver com problemas e a repetição dos erros do passado.
No mundo dos negócios se dá o mesmo fenômeno. Os empresários precisam, diante de um mundo agressivamente capitalista, prever acontecimentos antes do seu concorrente o faça, para que consiga tomar decisões acertadas que, no mínimo, evitem o insucesso da sua empresa. Em muitos casos a indecisão ou a decisão incorreta podem ser a diferença entre o lucro e a falência.
Nesse mundo, os “profetas” são profissionais do mercado, normalmente economistas que, a partir de tendências que julgam perceber, estão sempre realizando previsões que, na maioria das vezes não se confirmam. Essa tem sido a máxima neste século. Várias foram as previsões que não se confirmaram e, mesmo assim, continuamos a buscar, a dar valor e a pagar por esse tipo de previsão.
Um dos motivos para tanto insucesso é a necessidade que temos de conhecer como o fato ocorrerá, nos seus mínimos detalhes, daqui a dez, quinze ou vinte anos. Nem com várias toneladas de informações nós conseguiremos traçar, matematicamente, como o futuro acontecerá. Se assim agirmos, estaremos sendo levianos. Essencialmente, a previsão depende do resultado do comportamento humano que, sabemos, obedece a estímulos diversos e imprevisíveis que se interponham durante todo o tempo. Desconhecer esse aspecto é estar fadado ao erro.
Se assim não acontecesse, vários eventos históricos não teriam ocorrido. Os dominadores nunca deixariam que os dominados lhes tomassem o poder e vice-versa, o Muro de Berlim nunca teria caído ou, convenhamos, nunca teria sido construído.
Outro fator importante para tantos desencontros é a qualidade da nossa informação. Não se pode iniciar um trabalho de projeção com números imprecisos ou com dados estatísticos falhos e incompletos. No Brasil essa situação tem sido um dos motivadores das falhas nas previsões. Para se ter uma idéia, o resultado do PIB deste ano já foi revisto quase uma dezena de vezes, e nós estamos falando do lapso de 12 meses. Qualquer ação que levasse em conta a projeção inicial, estaria fadada ao erro.
Isso tudo nos leva a crer que a informação como um todo é necessária para a construção de um cenário e dentro dele efetuar alguns exercícios de projeção. A simples utilização de números e equações não garante o sucesso da previsão, uma vez que a constante mutação do mundo está a exigir a correção de rumos dentro dos cenários que são elaborados.
Exemplo disso foram as previsões sobre a rápida exaustão das reservas minerais do planeta, especialmente as ligadas ao combustível. Neste caso o cenário estava correto e era lógico que recursos não renováveis viessem a terminar um dia. A falha estava em não prever que novas jazidas seriam encontradas, as máquinas consumiriam cada vez menos, novas formas de energia seriam desenvolvidas, fatos que derrubaram a previsão de não termos petróleo na década de 90.
Então, a que tudo isso nos remete? É claro que não se pode prescindir da projeção, uma vez que ela que nos antecipa o futuro para que possamos ou nos preparar para ele. O importante é que essa previsão seja feita a partir de informações bem montadas, selecionadas e prestadas com toda a agilidade que a conturbação e a velocidade dos acontecimentos do mundo moderno estão a exigir e sempre com a consciência do elevado risco do erro.
Outro ponto de destaque é a correção da previsão. Projetar por si só em um momento estático, mesmo utilizando informação que foram, em um determinado momento, bem montadas, não garante que a empresa estará bem informada sobre as tendências de futuro. O que vale mesmo é a constância da informação, passada de forma correta e em tempo hábil. A informação tem de ser dinâmica como é dinâmico o comportamento humano, pois é principalmente esse comportamento que interfere nas mudanças do mundo.
Resumindo, tão ou mais importante que montar cenários de futuro, é ter capacidade para detectar as mudanças de cenário e agilidade suficiente para corrigir rumos e realinhando, constantemente, o timão da empresa, na direção do objetivo traçado. Cabe a sugestão: ao entrar no túnel do tempo, em direção ao futuro, não esqueça o passado, mas, principalmente, não tire os olhos do presente.
Heriberto Gadê de Vasconcelos
14.10.2009
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