quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A CADEIA ALIMENTAR DO FUTEBOL

O que conhecemos por Cadeia Alimentar é a estrutura que rege a sobrevivência em nosso planeta. É a mesma coisa de quando falamos em “lei da selva”. Estamos igualmente tratando das regras naturais que determinam a forma de sobrevivência de todas as espécies do nosso planeta. A regra diz que o mais forte vence o mais fraco, dentro de toda a pirâmide que forma a Cadeia Alimentar. O que é importante ver é que o mais fraco, dentro de cada segmento da Cadeia, tem tanta importância quanto o mais forte, uma vez que a sua existência e sacrifício é que viabilizam a continuidade da vida.

No futebol, apesar de não nos darmos conta, acontece algo bem parecido. O que atrapalha é quando os dirigentes, principalmente daquelas instituições, ditas mais fracas, não se reconhecem na base da Cadeia Alimentar do Futebol e, assim, e tentam subverter a ordem natural das coisas.

O que diferencia o futebol do reino animal é que as posições entre os fracos e fortes podem se alternar, dependendo da competência dos que dirigem as instituições envolvidas. Imaginemos a hipótese de um Príncipe Árabe do Petróleo se encantar com o Auto Esporte Clube da Paraíba ou com o Potyguar do Rio Grande do Norte. Caso isso viesse a acontecer e esses clubes fossem inundados por dólares e euros, a ordem normal das coisas iria, certamente, se inverter.

Levando em conta que estamos falando de um sonho praticamente inatingível, resta reconhecer a posição de cada um na Cadeia Alimentar do Futebol: Nossos clubes do Nordeste, especialmente dos estados menores, estão na BASE da Cadeia. Inicialmente isso pode parecer totalmente negativo. Não é verdade. O fato ter consciência das suas potencialidades e carências é de fundamental importância para o correto planejamento de um clube de futebol. Pois é, até agora eu estava mesmo falando de planejamento.

Vamos em frente. Vocês sabem que nossos clubes dependem dos jogadores egressos do campeonato paulista, para formação dos seus plantéis, com vistas à disputa do campeonato nacional. Da mesma forma, os nossos clubes sofrem com a escassez de jogadores de melhor nível, quando o Campeonato Paulista está em andamento.

Parece difícil de solucionar, mas não é. Vamos traçar um paralelo com a Cadeia Alimentar: é sabido que os principais clubes da Europa e Ásia se lançam na busca dos jogadores da África e das Américas do Sul e Central, uma vez que conseguem fazê-lo sem dispender maiores somas de dinheiro, como teriam de fazer, quando o jogador já está na Europa. Da mesma forma, o clubes do centro sul do Brasil vem para cá para levar, bem baratinho, nossos jogadores.

E com relação a nós, tem jeito para isso? É claro que tem. Vamos fazer a mesma coisa que os que estão acima de nós, na Cadeia Alimentar. Se o jogador dos grandes centros é caro, devemos ir à busca daqueles que estejam escondidos em centros menos badalados, no que diz respeito a futebol. É como fazer valer a lei da selva, vamos buscar jogadores em centros que não podem concorrer conosco, em matéria financeira, de estrutura ou de tradição.

Temos, pelo menos, 8 estados (Tocantins, Roraima, Rondônia, Piauí, Maranhão, Amazonas, Amapá e Acre), de menor expressão no futebol que o nosso Estado, para ir garimpar lá jogadores para nossas equipes, isso sem falar nas diversas cidades do interior dos estados do Nordeste, de onde, de vez em quando, são pinçados jogadores para equipes do sul e sudeste Brasileiro, bem embaixo dos nossos narizes.

Parece coisa do outro mundo, mas não é. O orçamento para isso não é maior que o valor pago a certos jogadores que vêm por aqui e não fazem jus ao prato de refeição que comem. O difícil, reconheço, é ter um profissional de visão para realizar esse importante trabalho. Isso nada mais é que o retorno do olheiro, função que os nossos dirigentes substituíram pelo famigerado DVD.

Não poderia afirmar com segurança o orçamento mensal com cada um desses profissionais, mas me arrisco a dizer que o valor de despesas e salário não ultrapassaria a casa dos R$ 6.000,00, por mês/profissional. Se forem três profissionais esse valor seria de R$ 18.000,00. O que tenho certeza é de que o retorno, representado pela redução de folha mensal do plantel e pela possibilidade de ganhos na venda desses valores, será bem maior do que o que os nossos clubes vêm conseguindo com a metodologia atual de formação de plantel.

E tem mais: quem começar antes, vai colher os frutos mais cedo. O certo é que falamos de boa técnica administrativa, o que só se consegue com a profissionalização na gestão dos nossos clubes.

HERIBERTO GADÊ DE VASCONCELOS
21.10.2009

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